Homem semelhante

A série de fotografias intitulada Homem Semelhante explora a tecnologia analógica e o preto e branco. É situada em bairros periféricos, espécie de aldeia lírica, habitat natural do artista Desali. Região suburbana de Contagem, onde morou por 20 anos. Série marcada pelo pictorialismo e pela encenação. Suas personagens posam de forma semelhante a iconografias cristãs, enquadradas por elementos compostos com rigor. Profanas derivações dos santinhos e estandartes religiosos que representam jovens garotos suburbanos. O sagrado ante a lente de Desali é o mundano – o que lhe é mais próximo.Imagens reestruturadas onze anos depois, nas quais permanecem as características performáticas e pictóricas, são marcadas pelo envelhecimento dos corpos e por uma natureza afetada pela intervenção humana. Onde era grama, hoje é passeio concretado. Árvores dividem espaço com cerca e arame farpado, entre olhos de câmera de vigilância. Ao mesmo tempo, a passagem do tempo marca as figuras jovens e inconsequentes do passado, hoje senhores de veias espessas e pele castigada.